A Federação das Indústrias do Rio Grande do Norte (FIERN) e o SENAI-RN dão largada, neste fim de semana, à primeira missão internacional para conferir a operação efetiva de parques eólicos offshore – instalados no mar – e prospectar potenciais oportunidades de negócios para o estado ligadas à atividade. O foco da viagem é o Reino Unido, país líder do setor na Europa. O embarque ocorre em 28 de abril. A programação vai até 6 de maio.
Participam representantes do Serviço Social da Indústria (SESI-RN), do Serviço de Apoio à Micro e Pequena Empresa (SEBRAE-RN) e do Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente do RN (Idema), além de empresas potiguares que atuam em segmentos como construção civil, montagem de torres eólicas, engenharia, telecomunicações, consultoria em meio ambiente, alimentos e bebidas, portos, logística, transporte e apoio marítimo.
A Missão ocorre em um momento em que investimentos na área já são realidade na Europa, na Ásia e nos Estados Unidos, e que, em território brasileiro, começam a despontar no horizonte também como oportunidades.
Programação
O grupo que embarca para o Reino Unido sob a liderança da Federação passará pelas cidades de Manchester, Newcastle, Hull e Londres. Visitas a centros de inovação, a instalações eólicas offshore, à infraestrutura portuária da região e participação na conferência “Offshore Wind Connections” fazem parte do roteiro.
“Nós temos uma semana de reuniões marcadas com gente que fornece alimentos, que fornece embarcações, que faz instalação, manutenção e atua em outras frentes nessa atividade. A ideia é conhecer, funcionando, a cadeia do offshore wind, para que empresas e instituições locais enxerguem oportunidades, possibilidades de cooperação e o que têm condições de implantar no nosso ecossistema. A ideia é gerar negócio”, diz o diretor do SENAI-RN e do Instituto SENAI de Inovação em Energias Renováveis (ISI-ER), Rodrigo Mello.
Ele ressalta que a viagem é muito mais que uma busca de inspiração. A ideia, enfatiza o diretor, também é mostrar a empresas e instituições britânicas o Rio Grande do Norte e o Brasil como partes da solução que o mundo precisa em direção à transição energética.
“Vamos apresentar os diferenciais competitivos que temos aqui. O Brasil e o Rio Grande do Norte estão se preparando para participar desse processo e têm condições de contribuir, de ser parte da resposta que o mundo precisa”, observa. O RN, exemplifica ainda Mello, tem condições privilegiadas para implantação de parques eólicos no mar e para exportação da energia que irão produzir, para além das fronteiras brasileiras. “O hidrogênio é a forma de transportar essa energia e é um vetor em que também estamos investindo”, complementa.
Desenvolvimento profissional e tecnológico
Há aproximadamente 10 anos o SENAI-RN, que é parte do Sistema FIERN, desenvolve trabalhos voltados ao offshore e ao hidrogênio.
O Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis (CTGAS-ER), sediado em Natal (RN) e principal centro de formação profissional do SENAI no Brasil para indústrias no ramo, foi pioneiro, por exemplo, em mapeamentos no país para medir o potencial de energia eólica offshore – trabalho base para a atual fase de desenvolvimento do setor brasileiro e para atividades de Pesquisa, Desenvolvimento & Inovação que o Instituto SENAI de Inovação em Energias Renováveis (ISI-ER) conduz hoje como referência nacional.
“Possuímos com destaque um centro de referência em pesquisa aplicada e inovação voltado ao setor (o ISI-ER), um centro de formação de profissionais para a atividade (o CTGAS-ER) e um sólido relacionamento com as grandes petroleiras do mundo que têm metas traçadas para a transição energética e com as grandes empresas de energia eólica instaladas no Brasil, onde o potencial de geração dessa energia, de cerca de 700 GW, sugere um potencial de investimento gigantesco para o mundo”, frisa Mello.
Esses e outros atributos potiguares, como águas rasas, um mar calmo como regra, qualidade de vento ótima comprovada em estudos, um grande potencial de geração já medido, a cultura de trabalhar com fontes renováveis e a posição geográfica próxima a mercados como a Europa serão apresentados ao público britânico.
Há, no Brasil, a intensificação de estudos e um processo de regulamentação em curso para início da implantação dos primeiros complexos eólicos no mar. Cerca de 74 empreendimentos previstos para a costa estão, atualmente, à espera de licenciamento no Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). A maior parte da potência está concentrada no Nordeste.
O presidente do Sistema FIERN, Amaro Sales de Araújo, destaca o protagonismo e o potencial do Rio Grande do Norte nesse contexto. “O Rio Grande do Norte é o maior produtor brasileiro de energia eólica em terra e esse protagonismo deve compor a busca e a construção de soluções em transição energética. O estado também tem um potencial para geração offshore [no mar] de 54,5 Gigawatts (GW). Estamos falando no equivalente ao abastecimento de cerca de ⅓ de toda energia elétrica brasileira em 2020 (aproximadamente 651TWh)”, diz Amaro.
Ele será representado na Missão internacional pelo diretor Roberto Serquiz, que também é o presidente eleito da FIERN e assumirá o mandato em outubro deste ano.
O presidente do Sistema FIERN, Amaro Sales de Araújo, elenca pesquisas, inovação, desenvolvimento e adaptação de tecnologias, além de toda a parte de formação e qualificação profissional como chaves para que o Rio Grande do Norte desponte na dianteira desse mercado fundamental não apenas para economia do estado, mas do Brasil e do mundo.
“Sabemos dos desafios e da necessidade de medidas compensatórias e de tecnologias possíveis para produzirmos, gerarmos renda para as pessoas, efetivarmos o progresso com justiça social”, diz ele e vai além: “Buscar soluções, construir parcerias e propor novas vias tem sido papel que o Sistema FIERN, por meio do SENAI e de seus institutos, o ISI-ER, o CTGAS-ER e o IST Mossoró, vem exercendo no âmbito das energias. E o intercâmbio com outras nações soma ainda mais no esforço de ampliar e consolidar o caminho do Rio Grande do Norte como maior gerador de energia renovável do país”.