A Petrobras assinou nesta segunda-feira (29) um memorando de intenções com o Governo do Rio Grande do Norte para a realização de estudos de viabilidade voltados à implantação de uma planta piloto de energia eólica offshore no estado.
“A intenção é estudar na prática o que é gerar energia eólica no mar”, disse o presidente da companhia, Jean Paul Prates.
A expectativa, segundo ele, é que o projeto comece a sair do papel ainda este ano e que tenha a operação iniciada até 2029. A área de instalação, a capacidade de geração e o valor a ser investido, acrescentou, ainda serão avaliados.
O projeto faz parte de uma estratégia mais ampla da empresa focada no setor de energias renováveis. No RN, três dos 14 complexos eólicos offshore à espera de licenciamento do Ibama são da Petrobras.
Os projetos foram cadastrados em setembro de 2023, com potência somada de 4,26 Gigawatts (GW). O número corresponde a 16,23% do total previsto para o estado até agora no mar, uma soma de 25,46 GW, considerando o conjunto dos empreendimentos com processos de licenciamento abertos pelo setor.
“A ideia é a instalação de uma usina piloto, com um aerogerador, para testar as relações desses empreendimentos futuros com as comunidades, com o meio ambiente, enfim, um laboratório, um posto avançado da atividade de geração de energia eólica no mar do Brasil que vai ajudar a fixar melhor conceitos sobre como funcionam essas estruturas. A planta serve para testar a prática da energia eólica offshore”, complementou Jean Paul Prates.
O memorando assinado com o governo prevê que a Petrobras disponibilize estudos sobre os possíveis impactos ambientais e sociais decorrentes do projeto piloto. O Governo do Rio Grande do Norte, por sua vez, ficará responsável por promover ações como o alinhamento do projeto com programas e políticas estaduais, apoio a processos necessários para estudos e pesquisa no desenvolvimento e implantação do projeto, além de fomento a ações para melhoria da região onde a unidade piloto será implementada.
Projetos
Segundo Prates, a companhia também tem planos de instalar uma planta piloto no Rio de Janeiro e parcerias serão firmadas com institutos de pesquisa para o desenvolvimento dos projetos.
No caso do Rio Grande do Norte, as próximas etapas incluem análises sobre o local ideal para o empreendimento, o processo de licenciamento junto ao Ibama e a contratação das estruturas para instalação.
“A importância desse convênio com o governo do estado é que ele facilita o processo de interação com as políticas do estado e com as comunidades”, disse Prates.
Ele citou o memorando assinado nesta segunda como um documento histórico para o RN e um marco para o início da avaliação efetiva do potencial do estado no offshore.
O estado, lembrou o presidente da Petrobras, passou da condição de maior produtor nacional de petróleo em terra para a de maior produtor terrestre de energia eólica, com grande potencial de se tornar o ambiente mais competitivo e atrativo do mundo para eólica offshore, de acordo com informações técnicas que apontam vantagens como condições de vento, logísticas e de conexão para os futuros parques.
O gerente geral de energias renováveis da companhia, Daniel Faro, frisou, durante discurso, que o RN sempre se destacou no setor e que a Petrobras iniciou medições sobre o potencial eólico offshore do estado ainda em 2013, em parceria com instituições como o SENAI.
A governadora Fátima Bezerra citou o projeto como “um marco rumo a um ciclo de desenvolvimento com mais sustentabilidade e inclusão no estado”. “Nós estamos dando um passo fundamental no que diz respeito à expansão das energias renováveis no RN. Esse memorando coloca o estado na vanguarda da expansão dessas energias, agora em direção ao offshore”, complementou.
O diretor do SENAI-RN e do Instituto SENAI de Inovação em Energias Renováveis (ISI-ER), Rodrigo Mello, analisou que “ter a principal empresa brasileira se movimentando para testar na prática o ambiente operacional da atividade é uma demonstração clara de que o ambiente industrial vê a necessidade de abertura dessa nova fronteira, dentro do programa nacional de descarbonização, de transição energética, e da busca da ampliação do consumo de energia mais limpa”.
“A presença da Petrobras no setor eólico offshore é uma aposta do ambiente industrial em uma atividade importante para o mundo todo e em que o Brasil precisa também se inserir”, frisou.
O diretor 1° tesoureiro da Federação das Indústrias do Rio Grande do Norte (FIERN), José Garcia da Nóbrega, descreveu o projeto como “um marco muito importante para a chamada Amazônia Azul e, em especial, a Margem Equatorial brasileira”.
“Nós temos um mar de oportunidades pela frente e dando esse passo importante, sem dúvida, abrem-se muitas perspectivas de desenvolvimento do ponto de vista industrial”, disse ele. “Nós já consumimos energia totalmente renovável no estado e com o incremento (na oferta do insumo) que certamente virá nos próximos anos, com o offshore, enxergamos um leque de oportunidades para atração de empresas”.